terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Mais um de amor.(Ahavah)


Amo, amar faz parte do ser humano.
Amo alguém para amar a mim mesmo.
Amo desde o leite materno, vida.
Amo, luz quente do girassol no céu.
Amo, irmãos feitos pela amizade.
Amo saber que pouco sei sobre tudo.
Amo uma mulher de cabelos brancos.
Amo este ar que sustenta o dirigível.

Ame o que se lhe é dado.
Ame mais alguém e a si.
Ame a Deus no céu e alguém na terra.
Ame as idéias mais que as coisas.
Ame falar sem interesses.
Ame como a nuvem em pureza.

O amor é um dom especial
nasce, cresce, vive além de nós.
Amor não é sentimento, é estado de espírito.
O Amor precisa cuidado, terra fértil e chuva,
carinho, conversa, compreensão,
mansidão, sorriso e entrega.

Venha...
Abra o coração e
Ame você também.

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

São Paulo 454, nas duas direções.

454 para direita, 454 para a esquerda.
Este número é a cara de São Paulo, uma cidade de mão dupla onde os opostos convivem:
A cultura do MASP e as mãos gatunas dum cozinheiro.
A riqueza do Shopping Iguatemi e a popularidade do Aricanduva.
A música da sala São Paulo e o batidão ilegal da periferia.
As empresas de marketing e a ausência de outdoors.
O grito de liberdade no Iprianga e a escravidão de bolivianos no Bom Retiro.
São Paulo é isso aí, um lugar para todos e para ninguém, um lugar com vocação e convocação de riqueza e de pobreza, de civilização e de babárie, de paz e de guerra, de sol e de chuva, de ricos e pobres.
O metrô sobe a bolsa desce, a igreja enche o milagre acontece.
Temos a cozinha de todo mundo e a fome de todas as bocas, temos o 'Ibira' central park e a falta de lazer do Real parque. Temos parada o ano inteiro, seja gay, seja de motoboy. E como não poderia deixar de ser temos a atração mais importante de uma grande cidade: o TRÂNSITO.
Seja no ar, seja na terra está tudo sempre engarrafado:
A estação de trem, a fila do banco, a boca do caixa, o vestibular, as salas de show, as salas de aula, a praça do shopping a praia de Santos.
Apesar de tudo isso o paulistano não vive fora de São Paulo, seu habitat natural. E isso é tão verdade que quando ele vai pro interior fica intoxicado com o excesso de oxigênio

Parabéns São Paulo!

São Paulo


Um dia da terra batida
brota uma cidade.
Então o rio murmurava
no compasso da Bandeira.

Na eira a mandioca,
força da terra provinciana.
Nas tropas as mulas, cargas insanas.
Ouro e minerais, índios como animais.

Na terra vermelha o café negro
nas palmas brancas de um escravo.
Rico branco de alma machada
c'o sangue nobre dum Rei do Congo.

Fábrica chama no alto do minarete:
Entrada. Saída, só se for morto.
A gora o branco vindo da Itália
trabalha duro naquele fosso.

“Kasato” atraca na doca escura,
olho horizontal de face perdida
não comunica nada da cultura
branca e preta zen-budista.

Na oriente a rua irmana
judeus e árabes sobre um tabule.
As lojas abrem e na calçada
tapioca doce dum camelô.

Sobe um prédio,
sobe uma cerca,
separa o rico
do desvalido.

A cidade separa, já não une,
mata, já não cria...
O rio silêncio denuncia:
“Chegou mais um ônibus no Tietê.”

Devaneio de feriado



Olha o céu Azul-cinza
e as estrelas que não vês.
Sobe ao alto consciência,
pelo menos 2.000 pés.

A cidade é silêncio,
mas aqui dentro
faz tumulto a solidão.
Surdo acorde, coração.

Jogo tudo fora,
Cinco, sete, noves fora.
Sai e não volte mais!
Dá-me um copo d’embriaguez.

Eu mandei calçar a rua de pérolas
para meu amor passar.
Pérolas negras e brancas,
agora pedras vão rolar.

Quatro dias de procura,
Quatro esquinas, a macumba:
“Meu pai Oxalá é o rei venha me valer”
Tudo posso quando o clima desaquece.

Olhei o céu Azul-cinza
desta cidade. Contei
454 estrelas de neon
Nas antenas de TV.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Etilírico (Ethlyric)

Tocou meu cabelo naquele fio mais branco,
seguiu pelo pescoço descendo com toda intimidade,
o vento, sopra nas narinas abertas pra vida.
Vida que entra e sai sem cerimônia.

Mãos estendidas em adeus roçam meu corpo de partida.
Partem caminhos sob meus olhos e o Sol
brilha alto e forte como batida de limão na praia.

Vem, e segura em tua mão minha alma.
Leva pra longe, o máximo que puderes,
todos estes problemas, pois não posso fingir
que fujo sem rumo de mim.

Cantemos embriagados pelas esquinas
estas lembranças etílicas dos corações vagabundos,
meu e teu unidos no delírio deste chá da flor branca.

O mundo que você vê é nada
e nada é como tudo
que parece e que nos revela...
Caídos olhando as estrelas do céu insustentável.

Insustentável verso como este
de mentes vagantes nas linhas
desta escrita paixão.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Caminho




Por este caminho as pedras pisadas,
sob este sol, histórias contadas.
Guerras e pazes, irmãos, inimigos.

Veja aquele monte de onde vem a fumaça...
Abraão está lá no alto, um sacrifício foi feito.
Passamos pelo rio barrento, o Jordão ainda corre.
Lava minha alma de terra e lágrima,
leva minha culpa de violência e sangue.

Estou só no deserto, quarenta demônios me vem tentar.
Estou só e bem perto Adonai Echad[i].
A noite veio o escuro rodeia,
Terror noturno, brilho no céu.
Será uma estrela?

Cai a luz em mil pedaços feita,
pessoas choram de dor.
Não quer D’s esta luta fraticida
não quer D’s estes homens suicidas.

Como seria bom e agradável
Ver sentados, unidos, os irmãos.

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[i] D’s é Um ( o ch é pronunciado como RR de carro)