Ilhas de Estórias





Entrei na sala de aula e lá estava ele. Falante, falastrão, explicando, inquirindo. Olhando para mim.
E texto, que passa. "Isso é literatura de massa".
Mas aquele olhar.... Diabólico, dois olhos sobre mim toda sexta à noite falava olhando pra mim.
Ele está me perseguindo.
Quando está com os outros deve falar de mim, e falar mau, e fazer fofocas e cria minhocas que coloca na cabeça de todos contra mim. Mas isso não vai ficar desse jeito.... Ah, não. Uma hora tomo coragem, uma hora digo na cara todas as coisas que possivelmente fez contra mim e vou perguntar: Porquê?
Não consigo prestar atenção na aula....Aqueles olhos, aquela voz.
Passada a prova a minha nota é baixa. Um vulcão de ódio se acende em mim....
Eu mato. Eu estruncho. Eu furo aqueles olhos que me encaravam constantemente. Vou sufocar aquela voz com a pergunta: Porquê?
...
Antes da recuperação vou armado à aula. Armado com minha indignação na voz, com minha pergunta inquieta: Porquê?
No momento certo vou falar e desmarcarar meu perseguidor.
E ele fala com sarcasmo, com piadinhas, com movimentos sórdidos. (Como pode ser tão horrível assim.)
-Sobre as notas da avaliação (É agora), no geral vocês foram bem, mas haverá (É agora) uma segunda chance...
-Professor minha nota, foi horrível. (gritei). Assisti todas as aulas, eu estava sempre aqui. Mas você sempre me persegue com suas piadas, com seus olhos... E quero uma revisão de minha nota. Isso tudo é injusto! Mas porque você me persegue? Hein?
....
Ele baixou a cabeça, seu sorriso bobo não estava mais naqueles lábios finos. Deu dois passos em minha direção.
Os colegas em silêncio.
...
Três segundos que guardavam uma eternidade.
Ele olhou para mim com força e então abriu e boca num gesto cheio de curiosidade.
-Mas, quem é você?