sábado, 14 de novembro de 2009

O violino geme grave....
Num impulso súbito te puxo pelo braço.
Você resiste.
Mexo as pernas e me aproximo pousando a mão envolta do seu quadril.
Você arqueja pra trás.
O badoneon atinge notas altas, cadenciadas, floreadas de paixão.
Arrastamos os pés pelo chão como quem acaricia o solo, e rapidamente apanho seu pescoço.
De leve puxo seus cabelos.
Você geme baixo.
Entrelaça as pernas nas minhas como quem quer fugir.... dá passos sem se deslocar.
Sinto seu cheiro.
Tão próximo estou que posso perceber as irregularidades de sua pele.
Suave.
Caminhamos pelo salão de rosto colado no ritmo das semifusas, confusas e perdidas de amor, de calor.
Todos nos olham.
Você se joga.
Te apanho no ar.
Vagarosamente você desce. Escorrega como serpente
que sente a melancolia de se dar inteira de tão explicita maneira.
Trocamos carícias ao som frenético.
Quase um beijo.
Um gemido do contra-baixo.
Estamos unidos sob um campo magnético de som, de cor, de olhares, de sentimentos...
Os instrumentos silenciam, as palmas o ar enchiam.
Tudo pleno de prazer.
Nos separamos.

3 comentários:

José Oliveira Cipriano disse...

Olá,meu grande poeta!
Quanto tempo sem visitá-lo!
Muitíssimo obrigado por seu comentário, vindo de vc, tenho motivos para me alegrar.
Seu tango é belíssimo!!!!! Admiro muito seu estilo de escrever, lembra-me a poesia parnasiana, só que com um toque todo especial, só seu!
Um grande abraço,

Oliveira

Julia Pastore disse...

nossa, que delícia de dança...

Jonas Saboia (Pizzicatto) disse...

Esse poema é como ouvir um tango, ou melhor, é como assistir ao filme "perfume de mulher" com Al Pacino dando um show. Tenho certeza que se ele lesse esse poema dançaria mais um tango. Sem comentários, rsrs.