sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Nas ruas de Atlanta...


Nas ruas de Atlanta lembrei-me de ti,
chorei ao ver a lusa bandeira no mastro hasteada.
Palavras, imensidades d’além mar, a minha terra.
Um negro aproximou-se:
- És português?
- Do Brasil venho, irmão de África.
Abraçamo-nos chorosos,
lágrimas salgadas de mar, distâncias do coração.
Filhos emocionados de América e África...
Perseguidos, escravizados, unidos,
pela bandeira verde-vermelha.
Na mente tua presença constante...
a ti sentimos, por ti pensamos, contigo cantamos.
Esta língua, a última flor do Lácio,
inculta e bela, nossa vida, a expressão.
Por terras das imensidades perdidas
famílias de marinheiros, comerciantes,
viajantes e poetas formaste.
Tanto mar de poetas afogados,
tantas histórias por ti contadas...
Minha língua, minha alma
por ti emociono, por ti sonho.
Muito tempo estive longe de ti,
não quero mais me separar.
As belezas das outras me são perturbadoras,
mas a ti não canso, nunca, d’ouvir...
Teus esses e erres, teus sons labiais.
Digo Ser e Estar. E sei que
quando do avião descer
teus sons, novamente, vão correr.
Língua Portuguesa, Brasileira, Africana...
em teu seio somos por ti.

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