sexta-feira, 21 de dezembro de 2007

Unidos


Na casa o cheiro do caldo na tigela,
na janela os alecrins enfeitam
a figura da mãe de avental.
E a avó de negro luto, eterno, por meu avô.
Meu pai guarda as ovelhas trás-os-montes,
e de longe, ouço os primos chamarem da vinha.
Vinha nossa que tanto nos alegrou.
Do outro lado deste mar de palavras
que esta dita língua encerra
hei de navegar co’as velas do Gama
a rever os mouros lugares
cheio de parentes negros
que estão a cantar fados lusitanos.
Vou chorar abraçado na festa,
nosso coração maior que o mundo.
Mundo pequeno para nossa saudade.
Saudade, sentimento Português por nós herdado
como filhos de luso que também somos.
E nas lágrimas e palavras de nossas noivas e esposas
o salgado mar, apesar da distância, apesar dos sotaques,
Agora nos une e não separa.

Um comentário:

Thiago Borges disse...

Também não podemos nos esquecer do que herdamos de ruim deles... A corrpução, por exemplo, nasceu com a influência dos portugueses... Eles abusaram da nossa terra e hoje ainda temos dúvidas do que somos... E ainda não nos reconhecemos como povo independente deles, dos negros, e dos indígenas...

No mais, bela poesia...