domingo, 29 de julho de 2007

Paulo de Tarso

(ou a intolerância)

Não suporto Você!
Sua cor, seu cabelo,
Sua barba, sua fé!

Tudo me enoja.
Tudo me embrulha
O estômago, as mãos,
A vida. E a envia
Aos infernos onde só há Você.

Gosto de sua Terra.
Gosto de seu povo.
Gosto de sua língua.
Só não gosto de Você.

Você, que não faz o que eu digo.
Que não se parece comigo,
Que me quebra o argumento,
Que me joga no vento.
Que existe como quer.

Você o matou!
Você o degredou.
Você roubou
Meu dinheiro, minha vida, minha fé.

Ah, se ele não tivesse morrido!
Ah, se ele tivesse vivido...
Mas se vivesse, não haveria por que...
Não gostar de Você!

Você que é baixo, que não faz a barba,
Que não come porco, que não aceito o meu peixe
Que reza nos cantos, que não sai no Sábado,
Que bebe vinho, que curte a alegria,
Que ilumina a casa, que canta à mesa,
Que usa chapéu.

É tanta alegria, é tanta ternura
Que me enoja que me mata
De inveja. De dor de cotovelo
Por poder ainda vê-lo
Tão alegre assim.

P.S. Escrito após uma tentativa frustrada de ser evangelizado.

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