domingo, 10 de fevereiro de 2008

Aqui


Aqui onde o sol esposa a terra,
onde o irmão levanta em guerra
e a espada da razão não vence.

Aqui nesta cidade suicida
milhões de kamikazes
em ônibus às 6H00 da manhã
seguem solenes seu destino.

Aqui onde o atabaque, o centro,
a macumba, rezas, velas, comidas
religiosidade singela, primitiva
agrada aos deuses, aplaca a ira.

Aqui onde dentro o ensurdecedor silêncio
combina um câmbio de estado
cá fora nesta fumaça
barulhenta gente e motor.

Neste lugar onde somente se vê o dinheiro
dólar, libra, yene ou euro.
-Tenho pra vender. Quem quer comprar?
-Tenho sonhos semi-novos, palavras de segunda mão,
rimas pobres de música, músicas sem reflexão.
-Tenho olhos vermelhos de cachaça e fuligem
e um retrato roto daquela virgem
que me deixou na solidão.

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