sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

Coletivo


Apressadas pessoas se imprensam,
umas contra as outras, nesta lata que
dura corre ruas e avenidas.
Suam e lêem,
vêem: carro com ar-condicionado através janela fechada.
Um calor....
A chuva acumula o ar-viciado nesta dura miséria,
esse transporte coletivo.
Coletivo de gente: multidão.
Sacrifício coletivo,
um poeta emotivo
em meio à confusão.

Nem o trem nem o metrô
servem para esta lata esvaziar.
Só a enchente.
R$ 2,30.
Solavancos e sonos, doentes e pedintes.
No ônibus todos os sofrimentos se encontram.

4 comentários:

Priscila Lopes disse...

Bah... genial! A "ilustração" também é ótima. Casou bem.

Apareça no Cinco Espinhos e conheça nossa proposta.

Abraços

José Oliveira Cipriano disse...

Oi, meu poeta!
A imagem é show, o poema, uma maravilha! Você é um crítico das coisas do cotidiano com uma visão
sócio-política privilegiada!
Meus aplausos!
Um grande abraço,

oliveira

Caranguejunior disse...

muito boa!!!!
dia a dia de muita gente
(inclusive o meu) retratado neste poema...
abraços!!!

Pedro Pieroni disse...

Nao sei se sente, ou sentiu, isso, mas você só descreveu o que passo todo dia, pela manhã e, na volta pra casa, à noite. Concordo com você. Esses dias vim viajando nos problemas que cada rosto triste parece levar num coletivo. Apesar de ser coletivo - com isso, multidão -, as pessoas vão solitárias ao lado de tantas outras. Esse é o ruído, ou o estrondo, que atrapalha a voz q reivindica as coisas. Cada um só quer chegar em casa, cansado, e esquecer; pra, no dia seguinte, começar tudo novamente.
Alta voz! Gostei.
Pedro